Resumo descritivo
Palestra de Laurent Monnier durante o terceiro dia do 1º Congresso Estadual de Cultura do Rio Grande do Sul com duração aproximada de 1h.
O 1º Congresso Estadual de Cultura do Rio Grande do Sul foi um evento de caráter excepcional, promovido pelo Conselho Estadual de Desenvolvimento Cultural (CODEC) e realizado no Salão de Atos da UFRGS no mês de abril de 1989, no qual diversas personalidades de reconhecida atuação cultural, nacional e internacionalmente, se reuniram para dividir suas experiências profissionais, traçar paralelos com o passado visando o futuro da cultura no estado e propor debates quanto aos desafios a serem enfrentados. As discussões se debruçaram sobre os temas “Formação histórica da Cultura Gaúcha”, O Rio Grande do Sul na Cultura Brasileira”, “Cultura e Meios de Comunicação”, “Bases para uma Política Cultural” e “Institucionalização da Cultura no Rio Grande do Sul”. Os debates e resoluções que tiveram lugar no Congresso foram fundamentais para a definição das bases de criação da Secretaria de Estado da Cultura.
Na tarde do terceiro dia do Congresso, por meio do painel “A Crise da Cultura”, o cientista político suíço Laurent Monnier abordou a importância da diversidade cultural e argumentou que a crise existente é, na verdade, dos intelectuais. Ele levantou a hipótese de que a crise se trataria apenas da insatisfação de um grupo intelectual com o modelo econômico ou da “velha crise dos valores materialistas”. Monnier acrescentou que as sociedades continuam a ter projetos e as pessoas seguem buscando o progresso. O cientista político fez críticas ao etnocentrismo, segundo ele, a visão humanista europeia oculta fatores como o colonialismo, o antissemitismo e as intervenções em outras nações.
Monnier falou sobre as lições que trouxe da sua estadia no Zaire. Contou sobre a participação de técnicos europeus na elaboração de um plano de desenvolvimento econômico no país africano. Existia um desacordo entre o povo e os paradigmas ocidentais. Para os camponeses africanos era mais importante a segurança, a alimentação e a manutenção de suas tradições. Enquanto que para os técnicos estrangeiros, o ideal seria a produção de excedente capaz de abastecer a capital e servir para exportação. O cientista político concluiu que o desenvolvimento econômico nunca poderia ser feito à revelia do elemento cultural de um povo.