Resumo descritivo
Depoimento de Wilson Rezende com cerca de 1h4min de duração. O linotipista descreve sua jornada de trabalho durante o início da carreira, quando atuava na Gráfica Sandra, no Jornal "Zero Hora" e no "Jornal do Dia". Após o desgaste com a carga horária dividida entre três empresas, o linotipista buscou uma vaga no jornal "Correio do Povo", que oferecia salários melhores.
Wilson Rezende rememora o fechamento do prédio do Jornal "Diário de Notícias" em Porto Alegre, no contexto de instauração do regime ditatorial civil-militar no Brasil em 1964. E observa que esta ação coincidiu com a chegada do presidente João Goulart em Porto Alegre. Ele ressalta que foi possível entrar no prédio mais tarde com seus colegas de redação e publicar a edição de "Útima Hora" daquele dia. Mas que com a saída de "Jango" do estado foram impedidos de editar o jornal, o qual a partir dali não circulou mais.
Wilson Rezende lembra, ainda, do Senhor Gentil, responsável pelo setor dos linotipistas do Correio do Povo na época. Gentil aceitou Wilson para participar de um teste de 15 dias e mesmo com a dispensa do jovem linotipista por parte de outro superior, ele o trouxe de volta em definitivo.
O profissional também conta sobre o período de crise do ofício, no qual o serviço nos jornais passou a ser feito com base na digitação. A produção se tornou menor, por consequência, os salários também. O entrevistado fala, ainda, dos riscos aos quais os trabalhadores da linotipo estavam expostos devido ao contato com o chumbo, composto essencial para o funcionamento da máquina.
Por fim, Wilson Rezende relembra o ambiente saudável de trabalho, onde brincadeiras e produtividade coexistiam. E destaca o fato de que dificilmente um linotipista ficava sem emprego, tamanha a dificuldade de encontrar profissionais qualificados na época.