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Depoimento de Rosina Duarte
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Metadados descritivos (INBCM/Ibram)
Miniatura
Número de registro
MCOM 0328-S
Denominação
Áudio Digital
Título
Depoimento de Rosina Duarte
Autor
Acervos MuseCom
Resumo descritivo
Depoimento da jornalista Rosina Duarte para o Museu de Comunicação Social Hipólito José da Costa realizada pela analista Estela Galmarino, com o apoio técnico de Carlos Barcellos, com duração aproximada de 1h41min21s.
Nascida na cidade de Bagé, Rosina Duarte destaca a figura dos avós, muito presentes na sua infância, os quais tinham vinculações profissionais relacionadas às Artes e à Comunicação Social. Na cidade de Livramento, também localizada na região da campanha gaúcha, a jornalista viveu boa parte de sua infância e conta que chegou a residir sobre um cinema, o Cineteatro Colombo, onde seu pai trabalhava e cujas músicas que sonorizavam os filmes embalavam seu sono. Ela conta que o pai também trabalhou no Rádio, além de ter exercido as atividades de caminhoneiro e caixeiro viajante. Sobre a mãe, recorda que foi alfabetizada já adulta e tornou-se professora. Rosina destaca que foi a primeira educadora a adotar as práticas e os ensinamentos de Paulo Freire no interior.
Sobre sua profissão, a qual exerce há quatro décadas, Rosina destaca que a escolheu muito cedo, aos 11 anos, e recorda que enfrentou e desafios e preconceitos, por ser considerada uma profissão masculina. Já em Porto Alegre, prestou vestibular, sendo aprovada no curso de Jornalismo na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Contudo, como trabalhava durante o dia, prestou vestibular novamente, desta vez na Pontifícia Universidade Católica (PUC-RS), para estudar à noite com crédito educativo. A jornalista conta que a mudança representou um choque muito grande, pois o curso de Jornalismo não era como imaginava. No entanto, foi fazendo seus movimentos. Relata que gostava muito da parte de redação e formou-se no último dia de 1980. Lembra ainda, que na última hora o orador mudou o discurso e fez uma crítica ferrenha à ditadura civil-militar.
Rosina conta que em sua atuação no mercado de trabalho jornalístico teve diversas experiências que agregaram muito à sua trajetória, no decorrer das quais teve oportunidade de atuar como jornalista em diferentes áreas. Ela lembra que depois de formada foi trabalhar em Bagé, no jornal “Correio do Sul”, cuja experiência considera sua grande escola, já que produzia matérias sobre variados assuntos, tais como: política, economia, cultura, entre outros. Em seu retorno a Porto Alegre trabalhou nos jornais “Folha da Tarde”, “Zero Hora” e a atividade de repórter, em especial, lhe marcou de maneira significativa, proporcionando muitas vivências com as reportagens de rua, suas preferidas. Em um momento reflexivo, Rosina compartilha que, de certa forma, o “Boca de Rua” já estava presente dentro de si, pois era isso que gostava de fazer.
Rosina Duarte é uma das idealizadoras e criadoras do Jornal Boca de Rua, único jornal do mundo gerido e produzido por pessoas com trajetória de rua, segundo dados do “International Network Street Papers” (INSP). Sua primeira edição foi impressa em 2001, ao mesmo tempo em que ocorria o primeiro Fórum Social Mundial em Porto Alegre. Rosina destaca que antes do jornal “Boca de Rua” já existia a Agência Livre para a Informação, a Cidadania e a Educação (ALICE), fundada em 1999. Ela conta que a ALICE foi criada por três mulheres, ela, Clarinha Glock e depois se somou Cristina Pozzobon. O jornal Boca de Rua é um dos projetos da ALICE, que também desenvolve outras iniciativas em parceria, como o documentário “De olhos abertos”, produzido em 2020, pela cineasta Charlotte Dafol.
A jornalista ressalta que o “Boca de Rua” não é um projeto de inclusão social, mas sim um projeto de trabalho e renda, de Comunicação e de redução de danos no que se refere ao silêncio e a solidão. Rosina destaca que o impulso à criação da ALICE foi um desejo de se contrapor ao que o jornalismo estava se transformando, um porta-voz dos ricos, famosos, dos “vencedores”. Ela ressalta que a realidade é caleidoscópica e que o jornal “Boca de Rua” contribui para que a sociedade a enxergue desta maneira, múltipla e diversa.
Por fim, Rosina fala sobre o reconhecimento do jornal “Boca de Rua” e dos recentes convites encaminhados pelo Museu de Comunicação Social Hipólito José da Costa e pela Fundação Biblioteca Nacional para que as edições impressas nestes vinte e quatro anos de história façam parte de seus acervos. Ela menciona, ainda, que a última edição do jornal, que tratou sobre duas tragédias recentes que ocorreram em Porto Alegre (as enchentes de maio de 2024 e o incêndio de uma das sedes da Pousada Garoa, rede conveniada com a prefeitura) foi inscrita em concurso que premia reportagens na área do Jornalismo e dos Direitos Humanos. Segundo ela são três fatos que se somaram para dar uma dimensão jornalística real do “Boca de Rua”.
Dimensões
01 arquivo digital de 190MB
Material/técnica
Local de produção
Data de produção
28 out. 2024
Condições de reprodução
Acervo protegido pela Lei 9.610/98. Proibida a reprodução para fins comerciais sem a autorização dos detentores legais do direito. Obrigatória a citação da referência para fins acadêmicos e expositivos.
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