Resumo descritivo
Depoimento do ator e diretor de teatro e televisão Régis Cardoso ao jornalista Roberto Antunes Fleck do Museu de Comunicação Social Hipólito José da Costa, com duração de 52min48s.
Régis Cardoso, filho dos atores gaúchos Dário Cardoso e Norah Fontes e neto de Alfonsina Cardoso, que usava o pseudônimo Alfonsina Cards, dividiu sua vida em três fases principais: seus primeiros dez anos em Porto Alegre, seguidos por duas décadas em São Paulo, dos 10 aos 30 anos, e finalmente, mais trinta anos no Rio de Janeiro, onde permaneceu até os 60 anos. Sua ligação com o teatro começou cedo, acompanhando os pais em turnês pelo Rio Grande do Sul e participando de peças quando necessário, como no caso da obra Ásia, de Álvaro Moreira, em que, aos três anos, interpretou um filho morto e, inesperadamente, levantou-se para agradecer os aplausos ao final da cena, causando grande surpresa e risos na plateia.
Após a morte de seu pai, mudou-se para São Paulo com a mãe e o padrasto, Armando Motta, locutor da Rádio Farroupilha. Começou a trabalhar na Rádio Tupi, operando mimeógrafos e fazendo pequenos papéis em radionovelas, até ingressar na televisão em 1950, participando até da inauguração da TV Tupi. Sua carreira na Organização Victor Costa, dona da TV Paulista (Canal 5), começou como assistente de estúdio, porém, Regis logo assumiu múltiplas funções, desde atuação até direção, em uma época em que a televisão era feita ao vivo, com recursos limitados.
Em 1958, retornou à TV Tupi a convite de Cassiano Gabus Mendes, onde dirigiu o aclamado TV de Vanguarda, trabalhando com grandes nomes como Lima Duarte e Laura Cardoso. Na Tupi trabalha também nas novelas Quem Casa com as Marias?, e Direito de Nascer com Henrique Martins. Na década de 1960, migrou para a TV Globo, indicado por Luís Carlos Miele, onde, após um período de inatividade, foi encarregado por Walter Clark de dirigir novelas de sucesso como Eu Compro Essa Mulher, O Sheik de Agadir, A sombra de Rebecca, e Sangue e Areia marcando o início da era das telenovelas globais. Régis dirigiu a produção de O Bem-Amado, a primeira novela em cores no Brasil, destacando as dificuldades técnicas enfrentadas, como a falta de pessoal especializado nas novas tecnologias. Apesar disso, a obra de Dias Gomes foi um sucesso, viajando o mundo. Cardoso também destaca o papel desempenhado pela cubana Glória Magadan no mundo das novelas, e como as novelas feitas por ela tinham um caráter aventuresco, inspirado em histórias internacionais, o que ele considerava sem brasilidade, além disso, Régis aponta que com a saída de Magadan as novelas passaram a ser mais controladas pela diretoria da rede Globo.
Após desentendimentos com a Globo, trabalhou em Portugal por três anos, dirigindo novelas para a RTP. De volta ao Brasil, a convite de Adolpho Bloch, passou pela TV Manchete, onde enfrentou desafios ao adaptar Tocaia Grande, de Jorge Amado, divergindo do enfoque sensacionalista proposto pela emissora. À época da entrevista, planejava montar uma produtora com o comentarista esportivo Luís Mendes e relançar O Canto da Cotovia, peça sobre Joana d’Arc que havia marcado sua estreia no Teatro Maria Della Costa em 1954. Além disso, Cardoso projetava uma série policial com temática antirracista, tendo por protagonista um policial negro. Régis também menciona a dificuldade de inserção no mundo do cinema, citando como exemplo o fato que que ao candidatar-se para uma um financiamento, descobriu não ter chances por nunca haver dirigido um filme, o que provocou certa revolta, pois já havia dirigido inúmeras novelas.
Sua trajetória, entrelaçada com momentos históricos da comunicação brasileira, foi marcada por inovações, como o uso pioneiro do videotape e da TV colorida, refletindo a evolução da TV, desde os tempos improvisados até o padrão Globo de qualidade. Régis relembrou ainda episódios pitorescos, como a rivalidade entre atores em novelas e seu breve conflito com Grande Otelo, além de sua paixão pelo teatro e pela narrativa visual, que o acompanhou por seis décadas de profissão.
*Resumo gerado por inteligência artificial.
