-
Depoimento de Plínio Marcos
- Voltar
Metadados descritivos (INBCM/Ibram)
Miniatura
Número de registro
MCOM 0390-S
Denominação
Áudio em fita magnética
Título
[Depoimento de Plínio Marcos]
Autor
Acervos MuseCom
Resumo descritivo
Depoimento de Plínio Marcos, dramaturgo e ator, no saguão do City Hotel, situado na rua José Montaury, em Porto Alegre, a Roberto Antunes Fleck, jornalista do Museu de Comunicação Social Hipólito José da Costa. O depoimento tem duração de 36min40s.
Plínio Marcos nasceu em Santos, em 29 de setembro de 1935. Inicialmente, seu sonho era ser jogador de futebol, mas, devido à sua compleição física magra, levava muitos pontapés, então decidiu buscar outra carreira. Um dia, ao assistir um amigo se apresentar em um circo, ficou fascinado pelo mundo artístico, especialmente por uma garota cigana que só namorava pessoas do circo. Para conquistá-la, ingressou no circo, onde começou como ajudante geral. Logo se destacou como palhaço, usando sua gagueira como parte do humor, o que agradou ao público.
Sua carreira no circo o levou à televisão, onde participou de um programa chamado Hoje Tem Espetáculo, na emissora Victor Costa, mas o projeto foi um fracasso, sendo cancelado após duas semanas. Desempregado e envergonhado, não quis voltar ao antigo circo, então foi ao Café dos Artistas, tentar encontrar trabalho. Foi contratado como palhaço por um circo cigano, e desenvolveu uma forte amizade com os donos, Ricardino e Dona Cora, de modo que ao invés das 3 semanas inicialmente previstas, acabou ficando cinco anos com a trupe. Nesse período, enfrentou a censura pela primeira vez quando a polícia interrompeu um espetáculo porque uma plateia magnetizada pelo dono do circo dançou de forma cômica, incluindo a esposa do delegado, o que lhe causou constrangimento. Todos do circo foram presos e espancados pela polícia e o número foi proibido em todo o estado de São Paulo.
Após esse episódio, o circo decidiu se mudar para a Argentina, mas Plínio preferiu permanecer no Brasil, retornando a Santos, onde tinha família. Passou a trabalhar no Pavilhão Teatro Liberdade, onde conheceu Patrícia Galvão (Pagu), que o convidou para atuar na peça Pluft, o fantasminha, de Maria Clara Machado. Durante os ensaios, mostrou a ela uma peça que havia escrito, Barrela, baseada em uma história real de um jovem violentado na prisão que se tornou um assassino, se vingando de seus abusadores. Pagu ficou impressionada e mostrou o texto a Paschoal Carlos Magno, que o considerou revolucionário. A peça foi montada por estudantes, em 1959, mas teve só um dia de apresentação, sendo censurada e proibida por 30 anos, após esse período a peça ganhou fama e foi premiada, sendo considerada um marco do teatro brasileiro por sua linguagem crua e realista.
Plínio escreve uma segunda peça, Chapéu em Cima de Paralelepípedo para Alguém Chutar, foi mal recebida pela crítica, incluindo uma dura análise de Pagu. Desiludido, voltou a jogar bola e a trabalhar como camelô, até se mudar para São Paulo, onde retomou sua carreira. Trabalhou por um período na companhia de Cacilda Becker, tornando-se seu amigo. Em 1966, escreveu Dois Perdidos numa Noite Suja, que mudou novamente os rumos do teatro brasileiro. A peça foi um sucesso, mas, considerada polêmica, enfrentou resistência da censura do regime civil-militar, chegando a confrontar deputados em debates televisionados, defendendo a liberdade de expressão. Após sofrer ameaças de militares, Plínio escreve uma peça gozando o Exército.
Com o decreto do Ato Institucional Nº 5, suas obras são proibidas, foi impedido de continuar trabalhando no rádio e na TV, onde desempenhava vários papéis, como ator, apresentador, comentarista esportivo etc. Plínio ficou conhecido pela novela Beto Rockfeller, mas para ele a televisão é uma parte menor da sua vida. Plínio lutou pela liberdade de expressão durante a ditadura, ganhando reconhecimento internacional como símbolo de resistência. Apesar das dificuldades, continuou produzindo, vendendo seus livros, atuando como camelô e mantendo-se ativo no teatro e em outras formas de arte.
Plínio demonstra certo desapego ao passado, preferindo focar no presente. Além da dramaturgia, tinha um lado místico, herdado de sua família—sua avó era curandeira, e seu pai era espírita -- ele próprio diz ser tarólogo e magnetizador. De postura rebelde e não conformista, o artista também relata problemas com o meio televisivo, pois não gosta que lhe digam o que fazer. Suas obras, marcadas pela crítica social e pela linguagem direta, continuam sendo revisitadas, e sua trajetória o consolida como uma das figuras mais importantes do teatro nacional.
*Resumo gerado por inteligência artificial.
Dimensões
01 fita cassete de áudio
Material/técnica
Local de produção
Data de produção
30/10/1996
Condições de reprodução
Acervo protegido pela Lei 9.610/98. Proibida a reprodução para fins comerciais sem a autorização dos detentores legais do direito. Obrigatória a citação da referência para fins acadêmicos e expositivos.

