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Depoimento de Maria Augusta Machado da Silva
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Metadados descritivos (INBCM/Ibram)
Miniatura
Número de registro
MCOM 0270-S
Denominação
Áudio em Fita Magnética
Título
[Depoimento de Maria Augusta Machado da Silva]
Autor
Acervos MuseCom
Resumo descritivo
Depoimento da museóloga Maria Augusta Machado da Silva para o Museu de Comunicação Hipólito José da Costa, com duração aproximada de 29min.
Maria Augusta informa que sua presença no Rio Grande do Sul se deve à realização do II Encontro Sul Rio-Grandense de Museus, do qual participou como representante da Associação Brasileira de Museologia (ABM). Realizado no município de Bagé entre os dias 16 e 21 de outubro de 1977, o Encontro reuniu especialistas de diferentes estados do país.
A museóloga destaca que no âmbito da Museologia se especializou na área de pesquisa e que naquele momento se dedicava à documentação folclórica, com ênfase nos estudos sobre imaginária e, mais especificamente, ex-votos. Segundo a pesquisadora, o ex-voto tem, pelo menos, 4.800 anos de história e constitui a produção do indivíduo que recorre ao sobrenatural e a uma divindade diante de situações de doença ou perigo em troca de um “voto”. Este voto ou promessa leva à chamada “desobriga”, que pode consistir em um testemunho público, uma pintura ou reprodução escultórica da imagem da divindade à qual se recorreu, por exemplo.
Maria Augusta Machado da Silva salienta também a dedicação às pesquisas envolvendo as religiosidades negras no Brasil e mais especificamente no Rio de Janeiro e menciona o especial interesse pela sincrética figura de São Jorge (Ogum), que observa serem três em um só: “o arquétipo, o santo e o orixá”. A pesquisadora estabelece conexões históricas e sociais ao longo de diferentes períodos históricos, no Oriente e no Ocidente, demonstrando como a figura da divindade foi apropriada e ressignificada por diferentes povos e em distintos contextos sociais. E ressalta a potencialidade do objeto museológico, que permite o desenvolvimento de complexas investigações e problemas de pesquisa.
Com relação às impressões sobre o Rio Grande do Sul, Maria Augusta diz que foi surpreendida positivamente pela cordialidade do gaúcho e pela realidade distinta de uma visão estereotipada presente em alguns livros. Ela ainda destacou a gastronomia local, citando o “arroz de carreteiro” e as vestimentas típicas utilizadas em algumas apresentações de dança. Também relembrou que visitou Porto Alegre anteriormente, a convite de Teniza Spinelli, à época diretora do Museu de Arte do Rio Grande do Sul, para realizar uma palestra sobre o tema dos “ex-votos” e que se encantou pela riqueza da vida cultural da cidade.
Maria Augusta refere, ainda, que visitou diversos ateliês artísticos em Porto Alegre e que gostaria de conhecer e aprender muito mais sobre a cultura regional. Devido à colonização açoriana no estado, ela entende que aqui pode ter havido a prática da pintura ex-votista, contudo, pondera que a vida útil destas pinturas não era muito extensa. E ressalta que apenas pesquisas regionais poderiam dar conta destas questões. A pesquisadora lembra que a ideia de criar núcleos de pesquisa locais foi ventilada em reunião ocorrida na semana anterior com a Comissão de Patrimônio, liderada por Leandro Telles. Ela se coloca à disposição para o diálogo e envio de material sobre o tema dos “ex-votos” aos pesquisadores locais interessados, sugerindo, por exemplo, a elaboração de uma ficha para coleta inicial de dados, visando posterior estruturação dos estudos.
A museóloga finaliza sua fala ponderando sobre os desafios da profissão e a necessidade de atualização constante dos estudos, além do aspecto vocacional.
Dimensões
01 fita cassete de áudio
Material/técnica
Local de produção
Data de produção
03 nov. 1977
Condições de reprodução
Acervo protegido pela Lei 9.610/98. Proibida a reprodução para fins comerciais sem a autorização dos detentores legais do direito. Obrigatória a citação da referência para fins acadêmicos e expositivos.
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