-
Depoimento de Lolita Alves
- Voltar
Metadados descritivos (INBCM/Ibram)
Miniatura
Número de registro
MCOM 0394-S
Denominação
Áudio em fita magnética
Título
[Depoimento de Lolita Alves]
Autor
Acervos MuseCom
Resumo descritivo
Depoimento da atriz Lolita Alves, em sua residência, na cidade de Alvorada, ao jornalista Roberto Antunes Fleck do Museu de Comunicação Social Hipólito José da Costa com duração de 2h36min30s. A artista narra sua trajetória artística com emoção e detalhes, revelando uma vida dedicada ao rádio e à dramaturgia.
Natural de Osório, demonstrava vocação para a arte desde criança, substituindo bonecas por um cabo de vassoura como microfone, anunciando seu sonho de ser estrela. Iniciou sua carreira na Rádio Farroupilha, em 1951, descoberta por Dinarte Armando, quando integrou um elenco renomado ao lado de Paulo Ricardo e Antônio Diniz. Sua voz marcante e dicção impecável lhe renderam o título de "rainha da dicção", permitindo-lhe interpretar desde vilãs até personagens cômicos com maestria, muitas vezes sem ensaios prolongados, o que a tornou uma das "vacas sagradas" de Walter Ferreira.
Lolita recordou com nostalgia produções como Os Dez Mandamentos e Rei da Valsa, além de papéis ousados, como em Maconha, em que interpretou uma viciada na droga, de maneira que a censura permitiu que a novela fosse ao ar somente no horário das 23 horas. Lolita fala brevemente sobre a censura, mencionando que todas as novelas passavam pelo Departamento de Censura antes de serem transmitidas. Teve uma breve experiência com o cinema, fazendo um piloto para o filme Sexta-feira 13, mas o papel era de uma prostituta que estava presa, o que não agradou a Lolita.
Atuou também na televisão, na rede Piratini, pouco antes que esta encerrasse suas atividades, no entanto não atuava muito como atriz, pois não gostava de cenas que envolvessem sexo e violência, preferindo o telejornalismo, participando do Encontro com Lourdes Helena. Fez um piloto de O tempo e o vento, mas enfrentou dificuldades ao interpretar cenas românticas, e os direitos da obra foram adquiridos por uma emissora de São Paulo. Lolita fala sobre o teatro, enfatizando o caráter desgastante desse meio, e sua preferência pelas radionovelas.
Apesar de convites para atuar no Rio de Janeiro e em São Paulo, tendo sido convidada por J. Antônio D’Ávila para a TV Tupi, optou por permanecer no Rio Grande do Sul, decisão que mais tarde considerou um erro, limitando sua projeção nacional. Permaneceu 8 anos na Rádio Farroupilha, indo em seguida para a Rádio Gaúcha, tendo boas memórias de seu tempo lá, e do seu chefe, Maurício Sirotsky Sobrinho, destacando a projeção e o prestígio de trabalhar na rádio. Lolita sai da Gaúcha e vai para a Rádio Itaí, o que ela vê no momento da entrevista como um erro, mas fica pouco tempo e volta para a Farroupilha, agora localizada na Galeria do Rosário. Por fim, vai para seu último emprego, na Rádio Educadora, lembrando as atuações como apresentadora de concertos da OSPA.
Sua carreira foi marcada pelo prestígio dos artistas de rádio na época, tratados como celebridades e até temidos pelo público devido aos personagens intensos que interpretavam. Além do sucesso, enfrentou desafios pessoais, como a repressão familiar e dificuldades financeiras. Em outro trecho do depoimento, Lolita destacou sua preferência por papéis dramáticos e de vilã, que exigiam entrega emocional total, algo que afetou sua saúde física e mental. Criticou a falta de distinção entre atriz e personagem, relembrando hostilidades do público por suas interpretações marcantes. Apesar do reconhecimento, evitava eventos públicos, preferindo o estúdio. Seu método de atuação, baseado mais na emoção que na técnica, foi questionado por colegas como Nelson Silva, que a alertaram sobre o desgaste, mas, apesar disso, manteve-se fiel ao seu estilo, mesmo que reconhecesse os eventuais prejuízos.
Um episódio emblemático foi sua recusa em receber um prêmio de "melhor atriz coadjuvante" da Revista do Rádio, entregue por Elis Regina, por considerar a categorização injusta, já que seus papéis eram centrais. Ao final, declamou Navio Negreiro, de Castro Alves, reafirmando sua paixão pela arte dramática. Questionada se faria tudo novamente, respondeu que sim, mas com mais cuidado consigo mesma. Reconheceu que seu temperamento explosivo e falta de diplomacia lhe custaram oportunidades, mas manteve o orgulho de sua trajetória, encerrando com a afirmação de que, acima de tudo, sempre seria uma artista.
*Resumo gerado por inteligência artificial.
Dimensões
03 fitas cassete de áudio
Material/técnica
Local de produção
Data de produção
[mar. 1998]
Condições de reprodução
Acervo protegido pela Lei 9.610/98. Proibida a reprodução para fins comerciais sem a autorização dos detentores legais do direito. Obrigatória a citação da referência para fins acadêmicos e expositivos.

