Resumo descritivo
Depoimento de Érico Cramer para o Museu de Comunicação Social Hipólito José da Costa com duração aproximada de 24min.
O rádio-ator, escritor e produtor de programas de Rádio fala sobre sua trajetória e a relação com o Teatro e o Rádio. Natural da cidade de Rio Grande, Érico de Carvalho Cramer conta que nasceu no dia 30 de novembro de 1906, filho de Gustavo Torres Cramer e Dulce de Carvalho Cramer. Ele relata que devido a contingências da vida interrompeu os estudos aos onze anos de idade e foi empregado na mesma cidade como office boy na Mala Real Inglesa, companhia britânica de transporte marítimo. Posteriormente, fez parte do quadro de funcionários do Banco da Província do Rio Grande do Sul, na mesma cidade.
Cramer destaca que gostava muito de ler sobre Teatro, ainda que as publicações fossem escassas naquela época. E recorda que um de seus escritores favoritos era o português Júlio Dantas, do qual cita as peças teatrais "Diálogos" (1922), "A Ceia dos Cardeais" (1902) e "Rosas de Todo o Ano" (1907). Segundo ele, estas leituras foram responsáveis por despertar seu gosto pelo Teatro e o desejo de interpretar.
Sobre o início da carreira, lembra que produziu um espetáculo com rapazes e moças da sociedade rio-grandina. Foi diretor, cenógrafo, conduziu os ensaios e ainda atuou no papel principal. A peça apresentada foi "Bombonzinho" (1931), de Viriato Correa e o sucesso foi estrondoso. Posteriormente, a convite do presidente da Biblioteca de Rio Grande, apresentaram "Feitiço" (1931), de Oduvaldo Viana, cuja repercussão foi ainda maior do que a primeira.
Devido às dificuldades que a cidade do interior impunha à época, Érico Cramer muda-se para Porto Alegre, logo sendo contratado pela Companhia Dulcina Odilon. Em 1935 apresentou-se na Rádio Gaúcha, onde atuou por pouco mais de um ano até que foi chamado pelo diretor artístico Nelson Lanza para dirigir o setor de radioteatro da Rádio Difusora ao lado de Carmen de Alencar. Por onze anos os dois apresentaram o programa de sucesso “Serões de Dona Generosa”.
Érico Cramer também atuou utilizando o pseudônimo de Roberto Lis, assim escreveu aquela que é considerada a primeira radionovela gaúcha, “O solar dos Alvarengas”, além de ter entregue sua contribuição artística com peças para o Grande Teatro Farroupilha. O produtor expressou o quanto o Rádio foi uma “válvula de escape” para o seu temperamento artístico. Sobre os vinte e quatro anos de atividades radiofônicas, ele diz ter tantas coisas para contar que poderia falar por muitas horas. Mas recorda de dois momentos de fato ruins em sua carreira: dois comentários de críticos. Um assinado por crítico da Folha da Tarde sobre a opereta “A Flor da Felicidade”, que ele dirigiu de maneira beneficente para a Creche dos Navegantes no Theatro São Pedro e o outro de um profissional desconhecido sobre sua primeira apresentação na Rádio Difusora.
O escritor revela que o Rádio lhe trouxe grandes alegrias. Ele relembra os reconhecimentos públicos e premiações pelo trabalho, destacando a conquista do segundo lugar pela Rádio São Paulo com a novela “Anoiteceu, Descansa Coração”. Também no Rádio, Cramer recorda o exitoso trabalho a frente do Grande Teatro Farroupilha, criado e apresentado durante vários anos por Pery Borges e Estelita Bell. Com a chegada da Televisão, Cramer foi destacado para fazer um curso na TV Tupi do Rio de Janeiro. Na Televisão também obteve sucesso fazendo musicais, comerciais, jornais, programas infantis e, em suas palavras, “sobretudo, Teatro”.
