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Depoimento de Alberto André
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Metadados descritivos (INBCM/Ibram)
Miniatura
Número de registro
MCOM 0391-S
Denominação
Áudio em fita magnética
Título
[Depoimento de Alberto André]
Autor
Acervos MuseCom
Resumo descritivo
Depoimento do jornalista gaúcho Alberto André para o jornalista Roberto Antunes Fleck do Museu de Comunicação Social Hipólito José da Costa, com duração de 2h21min.
Nascido em 2 de dezembro de 1915, filho de imigrantes libaneses, Alberto destacou que seus pais, embora não tivessem influência direta em sua carreira jornalística, valorizavam a educação e proporcionaram condições para que todos os seis filhos estudassem. Seu interesse pelo jornalismo surgiu ainda no ginásio, quando fundou um jornal estudantil. Mais tarde, ingressou na Faculdade de Direito em 1937, mas sua paixão pelo jornalismo falou mais alto.
Sua primeira experiência profissional foi na Rádio Gaúcha, em 1936, onde produzia uma coluna de comentários sobre Porto Alegre, a pedido de seu amigo Nilo Ruschel. Em 1937, começou a trabalhar no Jornal da Noite, um vespertino ligado ao governo do estado, no entanto, com a queda de Flores da Cunha e a ascensão do Estado Novo de Getúlio Vargas, o jornal foi fechado, e André ficou desempregado. Passou então pelo jornal A Nação, o primeiro periódico católico do Rio Grande do Sul, onde aprendeu a trabalhar com notícias internacionais. Após 4 anos o jornal é fechado devido à Segunda Guerra Mundial e à origem alemã do periódico. Trabalhou por um curto período no Correio da Noite, um jornal menor ligado a integralistas e alemães. Em seguida foi para a Agência Brasileira de Notícias, onde foi redator-chefe até o início da guerra, em 1939, quando ela foi invadida pela polícia.
Em 1940 foi convidado por Manoelito de Ornellas para trabalhar no Departamento Estadual de Imprensa e Propaganda, onde foi encarregado da “censura de guerra” nos jornais, sendo designado para o Correio do Povo. Ele explica que o trabalho envolvia, por exemplo, examinar notícias que podiam resultar em ataques do Eixo a partir da identificação de navios de guerra brasileiros e lembra que naquele período se utilizavam códigos nos telegramas para camuflar informações estratégicas como a localização de navios. Em 1941, consegue a oportunidade de trabalhar como jornalista neste jornal. Reformulou o layout do jornal e, durante 14 anos, foi responsável pelo fechamento da edição noturna do Correio do Povo. Posteriormente, criou a coluna Programas da Cidade, abordando questões urbanas. Além do jornalismo, André teve uma carreira política como vereador por 12 anos, entre 1952 e 1964, defendendo causas como a preservação de áreas verdes, como o Parque Moinhos de Vento e o Parque Marinha do Brasil. Alberto André também atuou pela demolição do antigo Cadeião, a Casa de Detenção de Porto Alegre, símbolo de crueldade e opressão.
O jornalista também foi um dos fundadores da Faculdade de Jornalismo da PUCRS, em 1952, onde lecionou e dirigiu o curso. Destacou-se na luta pela regulamentação da profissão e na defesa da liberdade de imprensa, sempre pautada pela ética. Ao longo de sua trajetória, ajudou a libertar jornalistas presos durante a ditadura militar, usando sua influência e prestígio para negociar com autoridades.
Como presidente da Associação Riograndense de Imprensa (ARI), promoveu prêmios culturais e apoiou a criação do Museu de Comunicação Social Hipólito José da Costa, sendo um dos responsáveis pela organização inicial da instituição. Também atuou pela preservação do Hotel Majestic, prédio histórico que atualmente abriga a Casa de Cultura Mário Quintana. Refletindo sobre sua vida, André afirmou que, se pudesse voltar no tempo, escolheria novamente o jornalismo, especialmente a reportagem urbana, pela qual nutria grande paixão.
Para as novas gerações de jornalistas, deixou um conselho: buscar conhecimento amplo e agir com honestidade, verdade e respeito aos direitos da comunidade. Reconheceu que seu maior defeito foi não ter dedicado mais tempo à família, mas orgulhou-se de ter vivido com integridade e compromisso social. Sua trajetória foi marcada pela defesa da democracia, da justiça e do desenvolvimento de Porto Alegre, cidade que sempre amou e serviu. O depoimento encerra-se com uma reflexão sobre sua fé católica e a esperança de um legado que inspire futuros profissionais a valorizarem a ética e o humanismo no jornalismo.
*Resumo gerado por inteligência artificial.
Dimensões
03 fitas cassete de áudio
Material/técnica
Local de produção
Data de produção
22/12/1995
Condições de reprodução
Acervo protegido pela Lei 9.610/98. Proibida a reprodução para fins comerciais sem a autorização dos detentores legais do direito. Obrigatória a citação da referência para fins acadêmicos e expositivos.

